sábado, 28 de abril de 2007

25 de Abril 2007, rua do Carmo!





25 de Abril de 2007, 17h 30 m, um grupo vestido de negro atormenta a praça da Figueira com vozes de liberdade! Atormenta a serenidade de uma desmobilização inesperada, por parte dos tradicionais manifestantes de Abril, que pareceu diluída por um tempo ventoso e frio.
Nada os fez temer, nem as hostes dos FIR- força de intervençao rápida, nem mesmo os cidadãos que os confundindo com Neo-Nazis ( Valha-me Deuzzz, diria o diácone) lhes chamavam maus nomes de boca fechada! A notória reacção à popa fascista, xenófoba e racista que assistimos estremeceu o coração de qualquer transeunte. Encurralados entre o homem de bigode delicadamente enrolado e pontiagudo de cor cinzenta como uma castanha caída ao carvão, e os panos suspensos por mãos de foices empunhando martelos em bandeiras, ficamos em atitude framista, tentando fotografar com a mente todos os cartazes empunhados, já que as caras estavam protegidas por panos de negros de Guerra. Uma Guerra não gerada por eles, alheios a qualquer confusão que se viessa a suceder, uma Guerra em nada suja e sangrenta como as Guerras Hitlerianas, Bushistas ou até Sócrato-Salazaristas. Proclamavam a Paz perdida, a liberdade fugida. Defendiam as várias raças, as várias opções, os vários modus-vivendus, mas eles, os Bajuladores-FIR, os defensores do Estado e não da ordem pública, os defensores da repressão, os defensores da virilidade punidora, os defensores das armas pelos cravos, não evitaram a confusão, as agressões, as detenções. Um espectáculo vergonhoso! Enquanto dezenas de agentes distribuíam pancadaria pelos cravos, seis PSP, guardavam de forma orgulhosa um cartaz do PNR, colocado centenas de metros mais acima. Não fosse o diabo tecê-las e os turistas confundirem PNR com Polícia da Nova Repressão.

Chiado, 19h30 m, o cenário!- Multidão, gritos, euforismo, sirenes...

• Rua do Carmo, junto ao c.c. do Chiado, decorria a manifestação autorizada pela polícia, tendo em conta que a acompanhava, tal como é costume em qualquer manifestação.

• Após alguns indivíduos terem pintado numa parede algumas palavras, cerca de 6 elementos das forças policiais, apenas identificáveis pelos cacetetes que empunharam depois, agarraram os supostos prevaricadores.

• Tendo os detidos manifestado alguma resistência, o caso, até aí banal, mudou completamente de figura.

• Os manifestantes, voltaram-se para trás, subiram a rua do Carmo e tentaram resgatar os seus companheiros de manifestação. Os elementos policiais, que não ostentavam qualquer identificação, repito, chamaram obviamente reforços, era notória a aflição dos agentes, suplicando "venham depressa, mobilizem reforços, é grave é grave!Repito...DEPRESSA!"

• Em apenas um minuto, a Rua do Carmo estava cercada por cima e por baixo, por forças policiais anti-motim.

• É claro que devido ao dia em questão e à zona em causa, estavam muitos turistas, crianças, idosos, meros transeuntes e clientes do comércio que envolve toda a zona do chiado, na Rua do Carmo, no preciso momento em que o motim começou.

• A natureza contestatária dos manifestantes (devo referir também que se tratava de uma manifestação contra o neo-fascismo e contra a xenofobia), bem conhecida anteriormente pela polícia, podia ter sugerido aos responsáveis policiais, adoptar uma posição mais cautelosa.

• Mostraram no entanto, «muita coragem e sentido do dever», pois, não se detiveram perante a primeira provocação fora da lei (tipica de primeiro-ministro).

• Em dois segundos estavamos no meio da confusão.

• Deu-se a carga, fugiram por onde conseguiram os jovens manifestantes, levando tanta pancada quanta lhes conseguiram dar os polícias. Foi só após uns bons minutos que se ouviu da parte de um dos policiais, um igual a todos os outros corajosos policias, uma palavra na direcção dos transeuntes que como nós estavam no meio daquela trapalhada. -Saiam já daqui! Para baixo! Fora! Desmobilzem!- e foi um pandemónio.

•Uma bela imagem de Democracia oferecida aos inúmeros turistas que ainda vêm a Portugal para celebrá-la.

•Uma única manifestante oferecia ao agente um cravo de liberdade, ao que este recusou movimentando a cabeça no sentido da negação. A rapariga de ar singelo atirou-o, em sentido de paz, até junto dos pés bem protegidos do polícia. O cravo ali permaneceu, de vermelho murcho, enfraquecendo as suas pétalas unidas. Acabaria esmagado!

•Dá-se pancada.

•Dão-se péssimos exemplos de tolerância.

Importa referir a data...25 de Abril de 2007, rua do Carmo.
A Luta continua...eles estão aí!

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma barbárie ao que lá se assistiu! Eles andam aí...ai andam andam!